Arquivos

Categorias

Meta

  • Home
  • Sem categoria
  • Descarte incorreto dos EPIs é prejudicial para a saúde do planeta!

Descarte incorreto dos EPIs é prejudicial para a saúde do planeta!

A pandemia de Covid-19 acrescentou novos elementos ao cotidiano das pessoas, como o uso de máscaras e luvas na prevenção contra o novo coronavírus. Os equipamentos, até então comuns aos ambientes hospitalares, passaram a ser utilizados amplamente pela população, o que provocou também um aumento no descarte.

De acordo com pesquisas do jornal científico Heliyon, o grande aumento na utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs) colocou em circulação bilhões de descartáveis, o que pode causar um aumento expressivo no volume de plástico destinado às costas marinhas e ao fundo do mar.

A pesquisa aponta que, desde o início da pandemia até o fim de 2020 foram descartadas cerca de 1,6 milhão de toneladas de resíduos plásticos por dia. O estudo também prevê que, aproximadamente, 3,4 bilhões de máscaras sejam descartadas diariamente em todo o mundo.

Segundo o Instituto Akatu, ONG voltada para o consumo consciente, desde o início da pandemia, mais de 12 bilhões de máscaras foram jogadas fora no Brasil. O tempo de decomposição pode chegar a 500 anos, em média, dependendo do tipo de material utilizado.

Especialistas consultados pela CNN destacam que a eliminação incorreta dos materiais traz impactos de curto e longo prazos para o meio ambiente, além de riscos para os seres humanos, as aves, os animais e a vida marinha.

Impactos na vida marinha

O pesquisador Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), destaca que a pandemia intensificou um problema antigo, que é o descarte de lixo nos oceanos. Diversos estudos realizados neste período mostram que houve um crescimento no consumo de plásticos descartáveis na pandemia. Segundo o especialista, uma das explicações é o aumento da frequência na utilização de serviços de entrega de refeições, um dos reflexos do isolamento social.

“Tivemos um fenômeno muito marcado pela pandemia que foi o aumento do uso de descartáveis. Associado a isso, houve diminuição do trabalho de catadores no processamento desse material, por conta também da proteção que eles tinham que ter em relação à exposição. Como a reciclagem foi diminuída, boa parte dos produtos recicláveis acabou indo para os aterros”, explica Turra.

Segundo o pesquisador, o descarte inadequado dos materiais coloca em risco a vida marinha. O grande problema está associado à ingestão e o que isso pode causar a esses animais. No caso das máscaras que têm uma estrutura de metal, isso pode perfurar o tubo digestivo e levar à morte. “Outro problema é a inanição, o estômago fica cheio de lixo e o animal acaba não sentindo que está com fome, com isso, come menos, absorve menos nutrientes e morre”, explica.

O monitoramento realizado por grupos de pesquisa mostra que a maior parte dos animais encontrados mortos nas praias, como tartarugas, golfinhos e aves, apresenta material plástico no tubo digestivo. “O fato de ter plástico lá não significa necessariamente que o animal morreu por isso, mas indica que esses animais estão tendo uma exposição evidente e abrangente em relação a esses resíduos”, acrescenta.

Um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto Argonauta para a Conservação Costeira e Marinha e da Pontifícia Universidade Católica do Chile documentou a morte de um pinguim (Spheniscus magellanicus) devido à ingestão de uma máscara do tipo PFF2. O animal foi encontrado na Praia de Juquehy, em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.

Para o pesquisador, a falta de conscientização acerca do descarte adequado dos materiais esbarra no problema mais abrangente da destinação final dos resíduos no país. Ele afirma que, no curto prazo, é preciso trabalhar a conscientização das pessoas para o descarte apropriado. Mais para frente, melhorar os sistemas de coleta, tratamento e destinação final de resíduos.

Brasil teve aumento de 70% no descarte de resíduos hospitalares em 2020

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2020 houve um aumento de 70% no descarte de resíduos hospitalares no Brasil, incluindo máscaras, toucas, luvas, aventais, além de agulhas e seringas. “Fizemos um acompanhamento com todas as empresas que realizam essa operação. Com esses dados, estimamos os números do Brasil inteiro”, explica o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho.

De acordo com a Abrelpe, as unidades de tratamento de resíduos de serviços de saúde operam atualmente com uma capacidade de cerca de 80% no Brasil. Os pontos de tratamento estão presentes em pelo menos 4.540 municípios, em todas as regiões do país.

O presidente da associação explica que as operações são realizadas com boa parte do maquinário ocioso, de modo a antecipar possíveis cenários de aumento da demanda, como na pandemia. “Devido a essa capacidade ociosa, não teve prejuízo nenhum”, afirma.

Os resíduos dos serviços de saúde devem ser coletados de forma separada dos resíduos comuns. O material é processado e passa pela esterilização para eliminar as chances de contaminação. O procedimento pode ser feito por meio de diferentes técnicas, incluindo incineração, micro-ondas especiais e autoclave. “O que mais funciona no Brasil é o encaminhamento por autoclave, que é um processo de vapor quente com esterilização, para que esse material não tenha mais nenhum contaminante”, diz Carlos.

Após o tratamento, os resíduos devem ser destinados aos aterros sanitários. Segundo o especialista, o Brasil ainda enfrenta desafios para o tratamento e descarte adequados. “Temos materiais que ainda vão para lixões, são queimados a céu aberto ou abandonados em locais inadequados. Infelizmente, ainda não temos 100% de destinação adequada no Brasil”.

Segundo estimativas da Abrelpe que consideram o ano de 2019, 36,2% dos resíduos de serviços de saúde foram descartados sem tratamento prévio em locais como aterros, valas sépticas e lixões. Do restante dos materiais, 40,2% foram incinerados, 18,5% passaram pelo procedimento de autoclave e 5,1% por tratamento em micro-ondas especiais.

O presidente da Abrelpe, reforça que além do tratamento e da destinação adequada, a criação de novas unidades de processamento dos resíduos é fundamental. “Se continuarmos no ritmo de crescimento acelerado como temos hoje, pode ser que, em alguns anos, se não tivermos novas unidades, o sistema entre em colapso”.

Pesquisa investiga o descarte dos EPIs no Brasil

Os pesquisadores alertam que o descarte adequado dos materiais é fundamental também para evitar a contaminação de outras pessoas com o novo coronavírus e prevenir que os resíduos sejam despejados na natureza.

Uma pesquisa conduzida pelo Projeto Coral Vivo, grupo que atua na conservação e sustentabilidade socioambiental de recifes de coral, busca entender se os brasileiros conhecem a maneira apropriada para realizar o descarte de equipamentos de proteção individual em suas cidades. O questionário pode ser respondido online aqui, até o final do mês.

“Também vamos saber se as pessoas estão realmente descartando esse material para ver o volume que está sendo incrementado na produção desse lixo urbano”, explicou Maria Teresa Gouveia, coordenadora de políticas públicas do Projeto Coral Vivo.

De acordo com Teresa, o estudo poderá apresentar um panorama sobre a eliminação de EPIs no Brasil, além de fomentar a criação de políticas públicas voltadas para a conscientização sobre o descarte correto dos materiais. Os resultados poderão ser utilizados como base para a orientação de gestores da área da saúde na criação ou reformulação de estratégias de comunicação sobre o tema.

Fonte: CNN (Adaptado).

Deixe um comentário